domingo, 25 de outubro de 2009

CIDADES NO ESCURO

Na sexta-feira, as audiências que seriam realizadas no fórum da cidade de Santa Filomena, do lado piauiense do Parnaíba, foram canceladas por uma única razão: desde a noite anterior, como é costume há trinta anos, a energia elétrica fornecida pela CEPISA, tinha ido embora para um lugar que a minha formação pessoal e profissional não permite dizer, mas o imaginário de qualquer um deve induzir qual seria esse lugar no pensamento de centenas de consumidores e usuários em Santa Filomena e Alto Parnaíba, da banda de cá do Velho Monge, cujas águas produzem a energia que a irresponsável companhia energética do Piauí, alinhada e cúmplice da similiar maranhense (iguais em tudo que não presta, especialmente quando a CEMAR era pública), nos fornece de forma desrespeitosa, indigna, imoral, perpetuando um mal serviço desde a instalação da linha de transmissão, sequer acatando as decisões da Justiça.

Essas companhias de energia de estados pobres e extremamente vitimados pela corrupção desenfreada, impune e vitalícia, como o Maranhão e o Piauí, foram criadas como fonte de enriquecimento ilícito dos poderosos e do empreguismo desregrado, daí as dificuldades de gestão e de equilíbrio de suas contas. Para os moradores de Alto Parnaíba pouco importou a privatização da CEMAR, cuja rede de transmissão empacou na vizinha cidade de Tasso Fragoso, a 96 km. No Piauí, a CEPISA, pelo que consta, continua como cabide de emprego e promovendo a política pouco saudável do governador de plantão, enquanto a linha transmissora entre Gilbués e Santa Filomena, erguida no final dos anos 1980, continua a mesma: a luz falta se trovejar; a luz corre para o infinitivo se cair um chuvisco. É uma afronta à cidadania e à dignidade humana.

No início do ano, o correto magistrado Aderson Antônio Brito Nogueira, titular da 2ª vara de Floriano, que respondia pela comarca de Santa Filomena, acolheu um pedido liminar de 53 cidadãos e cidadãs consumidores da pouca energia fornecida pela CEPISA, e determinou algumas medidas a serem cumpridas pela dita companhia de energia do Piauí, a começar por uma multa de 10 mil reais por cada minuto sem luz, a partir de duas horas permitidas em um dia sem uma explicação no mínimo coerente e plausível. Um ilustre desembargador do Tribunal de Justiça daquele estado, que não deve ter enfrentado uma noite de calor e mouriçoca em Santa Filomena, em uma única canetada suspendeu, em parte, a justa decisão de um juiz que convive diretamente com seus comarcandos e enfrenta os mesmos problemas de qualquer pessoa simples do povo. A cínica CEPISA ficou mais uma vez na impunidade, pois a única forma de fazer com que ela entenda o que seja responsabilidade e respeito, é pelo bolso. As outras metas constantes da decisão judicial, a empresa concessionária de um essencial serviço ao público, sequer conheceu.

Apenas isso. Mais uma vez, desde sexta-feira, com pequenos intervalos, estamos sem a luz da CEPISA e da CEMAR, essa dupla que tantos males causaram e continuam impunemente a causar a esses dois municípios que parecem relegados ao esquecimento. Agora mesmo, O8:25 horas, e desde o início da manhã, após voltar rapidamente às 22:00 horas de ontem, a dita cuja tomou rumo ignorado. Os açougueiros com seus freezeres abarrotados de carne estragando, assim como os comerciantes que vendem frango e peixe. Os donos de bares, sorveterias, restaurantes e lanchonetes, com a mão na cabeça sem saber como pagar o prejuízo. Como eu disse no início, a CEPISA conseguiu retardar até o cumprimento de metas do Conselho Nacional de Justiça. Não sei mais a quem apelar. Confesso que estou esgotado... mas vou reagir, pois é preciso continuar acreditando que autoridades, como o juiz Aderson, tomem atitudes idênticas e façam com que a nossa gente seja respeitada.

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