quinta-feira, 19 de novembro de 2009

TRÂNSITO INSEGURO

Não apenas as grandes cidades vivem o drama do trânsito, infelizmente. Esse cotidiano de violência também atinge as pequenas comunas do país e as estradas em geral, que não exigem a conotação de federais, estaduais ou municipais.

Ruas esburacadas, total falta de sinalização, ausência de polícia especializada ou mesmo emprestada, motoristas sem o mínimo de noção sobre trânsito, nem mesmo as escolas possuem disciplina sobre o assunto, enfim, aqui em Alto Parnaíba, pequena cidade do sul do Maranhão, são algumas das razões do alto índice de acidentes no trânsito.

E o mais grave: a nível municipal, o silêncio total, apenas uma ambulância sem equipamentos, como oxigênio, para transportar os feridos para Balsas e na maioria, Teresina, em longas e penosas viagens percorrendo até mil quilômetros e, com certeza, contribuindo para agravar o estado de saúde do acidentado e dos doentes de um modo geral. Em minha cidade não existe sequer um aparelho de raio-x, que foi desativado logo após o último mandato de meu pai, Antonio Rocha Filho, à frente do governo municipal, e desde então se encontra exposto no também desativado hospital público, conforme já denunciei aqui no blog, uma espécie de bomba-relógio prestes a explodir, ou a provocar acidente similiar ao do césio em Goiânia.

O Éverton Castro, um jovem alto-parnaibano que foi embora ainda criança, filho do bancário do Banco do Brasil, Miguel Castro, com Elianete Porto de Carvalho, e descendente, pelo lado materno, de uma grande família de Alto Parnaíba, que aqui se encontra desde a fundação do município, fez um importante comentário na matéria "mais um acidente", quando comenta sobre a morte de um dos rapazes, cujo acidente ali noticiei. O Andrew Reis Bastos, de 24 anos, filho do operário Gonçalo Moreira Bastos e da professora Maria Aparecida Glória Reis, veio a falecer em consequência daquele choque entre motocicletas, sendo sepultado no final de tarde de ontem em nossa cidade, após alguns dias em estado de coma em Teresina. É a juventude que se perde e a sensação do que tudo é possível fazer desde que se queira, fora até dos limites da lei, que passou a imperar em cidades do interior do Brasil onde o Estado está distante a anos luzes. O Andrew trabalhava desde a infância, detinha independência financeira, era comunicativo, e o sofrimento dos pais é comovente, entretanto, o mesmo Estado, em seus três níveis, se cala - aqui não temos delegado de polícia, polícia de trânsito, promotor de Justiça, juiz de direito, tudo isso aliado à omissão dos poderes municipais. Que as palavras do Éverton ressoem bem alto e forte entre a gente alto-parnaibana, seus descendentes e os brasileiros de todos os recantos, para que possamos protestar sempre e cobrar sem medo providências das autoridades públicas, que representam nós, o público, e gerenciam o nosso dinheiro, o dinheiro do público.

Também no último final de semana, um outro jovem foi vitima de um acidente em um veículo. Trata-se de Jair Filho, mais conhecido apenas por Jairzinho, que vivia perembulando pelos bares da cidade, o que não tirava dele a condição de cidadão brasileiro, aliás, a cidadania ainda mais lhe era devida pelo Estado e pela sociedade. O vi um dia antes da tragédia. Era um tipo comum, porém o corpo franzino e com defeitos nas articulações dos braços e das pernas, o deixava inconfundível. O Jairzinho, pelo que consta, caíu da carroceria de um caminhão que serve para transportar gente em minha terra, próximo à Fazenda Pequena Holanda, e teria morrido instantaneamente. O Jair, como tantos outros nesses Brasi's, foi sepultado quase como indigente e nem ao menos foi socorrido. Mais um pobre vitimado pela imprudência, pelo sistema desumano de transportar pessoas, pelas estradas precaríssimas e pela maldita sensação de impunidade.

Um comentário:

  1. Jairzinho companheiro na minha infancia de muitas "peladas" no campinho de terra da antiga sebrazem, descance em paz amigo!!!

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