terça-feira, 5 de abril de 2011

A QUEM OS SINOS DOBRAM

Durante visita a Balsas, eu cumprimento o governador Jackson Lago, vendo-se, ainda, o ex-vereador Corintho Rocha Júnior (entre nós). Foto: Carlos Biá.
O Maranhão amanhaceu mais pobre. A dignidade na vida pública rompeu o dia em silêncio. A honradez passou a noite meditando. O sacerdócio da medicina está de luto. A política perde um de seus melhores quadros. A humanidade se penitencia diante de um extraordinário homem. No final da tarde de ontem, 04 de abril de 2011, no hospital do Coração, em São Paulo, o coração do humanista, professor, médico, político, administrador e, acima de tudo, de um ser humano incomparável, parou de bater. A mídia nacional, que jamais procurou entender o que aconteceu recentemente na vida política do Maranhão, parecia chocada. As lágrimas me vieram aos olhos e mesmo sabedor de seu estado delicado de saúde, eu não podia acreditar que meu líder, meu mestre na política, meu exemplo vivo de um homem de bem, enfim, que o doutor Jackson Lago estivesse morto. Pobre Maranhão, já dizia o Padre Antonio Vieira. Triste Maranhão de uma infeliz sina que quer se perpetuar sem dar alegria ao seu povo. O Maranhão perde o homem da resistência, que não temeu a ditadura militar e nem a ditadura do jaquetão ou da toga, que não se vendeu, que não se entregou, cujo calvário, como o do Cristo, carregou com incomparável dignidade e coragem pessoais. Quando perseguido pela ditadura que se esconde atrás das leis democráticas, tive no meu amigo e líder Jackson Lago o porto seguro, sem vacilar em momento algum sobre minha conduta ilibada, indo ao inimigo e assim como na ditadura, levantando a voz contra os abusos e a tortura, neste caso a tortura moral. Na reunião solena da OAB do Maranhão, em 09 de julho de 2004, no desagravo público a mim, ali estava o Dr. Jackson Lago, tendo ao seu lado, dentre outros companheiros, o lendário Neiva Moreira, um dos cinco primeiros brasileiros presos e torturados após o golpé militar de 1964, e da tribuna da entidade o veterano e grande advogado Sebastião Souza da Silva, que me representava e que nunca estivera antes ao lado de Jackson, de dedo em riste se dirigia ao grande brasileiro e setenciava: "eis, senhores, o eterno prefeito de São Luís, o político mais digno do Maranhão". O nome de Jackson Lago se confunde, pois, com dignidade. Jackson era a própria decência, era a essência de tudo de bom que o Criador esperava ao criar o homem. Ninguém mais cordial ou fraterno; ninguém mais responsável no trato da administração pública, no respeito com o próximo, na dedicação a curar doentes, na obstinação de resolver os crônicos problemas sociais que tornam o Maranhão o estado mais atrasado do Brasil. Hoje, as ruas estreitas e os sobradões da secular São Luís, a cidade a quem Jackson dedicou os melhores anos de sua vida, tornando-se o seu melhor prefeito, irão reverenciá-lo e chorar a sua morte. O seu povo, pasmo, dirá adeus e um até breve ao líder da resistência, ao senhor da coragem, à vítima de uma perseguição odiosa e de uma injustiça que o tempo denunciará. Ao meu líder e amigo Jackson Lago, daí de cima, olhando e velando por todos nós, o meu adeus, o meu até breve, a minha eterna admiração, o meu respeito incomparável. Assim como o Dr. Ulysses Guimarães ao nos deixar, os sinos também dobram e dizem amém pelo Dr. Jackson Lago, que dorme e descansa em paz!

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