segunda-feira, 10 de setembro de 2012

24 ANOS DA MORTE DE CÉLIA LUSTOSA DO AMARAL BRITO

10 de setembro de 1988 é uma data que jamais saíu de minha memória e de minhas recordações. Uma data triste; um acontecimento inesperado. Naquele dia, como de costume, meu irmão José Benedito e eu fomos até à casa de nosso tio Aderson Lustosa do Amaral Brito, primo de nosso avô materno Elias do Amaral Brito e casado com uma irmã deste, no velho sobrado da praça coronel Antonio Luiz, a mais tradicional da cidade de Alto Parnaíba, no sul maranhense, cujo vizinho lateral, de calçada e de quintal é o magnífico rio Parnaíba. Aderson convalescia de um câncer; tia Tunica, sua mulher e companheira de mais de meio século, havia desencarnado há pouco. Espírita kardecista com conhecimento profundo e crença absoluta, Aderson não temia a morte; a respeitava.

Ao nos aproximarmos da velha casa avistamos pessoas entrando e saindo rapidamente, o que não era comum. Ali chegando a surpresa maior. A filha única do casal Aderson e Antonia Luiza do Amaral Brito (Tunica), Célia, é quem acabara de falecer. Mas o doente terminal era o pai e não Célia; todos se indagavam. Ante a perplexidade, nos aproximamos do leito onde Aderson estava enfermo há meses, e mesmo Célia morta em uma cama vizinha, não havia choro nem clamor externos ante o respeito ao venerado ancião alto-parnaibano. Mesmo assim, espírita seguidor de Kardec e de Chico Xavier, humanista por convicção e prática, maçom por devoção, Aderson chorava e balbuciava palavras que nos fizeram chorar, onde assim como o Cristo na hora derradeira indagava ao Criador as razões de seu tesouro maior, de sua filha e alma gêmea, de sua guardiã e protetora terrenas haver partido para o plano superior antes dele. Seria uma fatalidade? Ou mais uma provoção final, a mais dura de todas, de Deus ao seu fiel escudeiro?

Hoje, 24 anos depois Célia Lustosa do Amaral Brito, a filha adotiva de Aderson e Tunica, ainda faz falta, especialmente a Alto Parnaíba e suas carências no setor público que se agravam a cada dia. Concursada do então INPS, hoje INSS Célia, assistente social, após trabalhar em Goiânia e São Luís, e tendo que cuidar dos pais idosos e doentes retornou à nossa terra e à convite de meu pai, Antonio Rocha Filho, o Rochinha, tornou-se diretora geral do hospital público Prefeito Lourival Lopes, inaugurado ainda em 1976 pelo ex-prefeito Corintho de Araújo Rocha e de fato funcionando dez anos após. O prefeito Rochinha conseguiu a disposição de Célia do serviço público federal para a Prefeitura de Alto Parnaíba. Ela reorganizou o hospital e comandou seis médicos, uma enfermeira, vários técnicos em enfermagem, além de outros servidores, inovou implantando um laboratório de análises clínicas, o primeiro da cidade e, juntamente com o Banco do Brasil, um raio-x foi adquirido e ali instalado. Dinâmica, competente, eficiente, mesmo cuidando dos pais ela se dedicou à exaustação à saúde de nossa coletividade. A sala cirúrgica do hospital até que enfim fora inaugurada em sua gestão. Ela sequer precisou do hospital a quem tanto dedicou para morrer; como um passarinho voou livre, permanecendo encantada.

Meus irmãos Clóris Alaíde e Antonio Rocha Júnior com Célia em nossa casa em São Luís. Fotos: arquivo da família.
 
Bondosa por índole e por práticas, Célia cuidava de pobres e doentes - trabalho iniciado por seu pai - com a mesma alegria com que dançava em uma festava ou cantava uma bela canção entre amigos. Não abandonou a família biológica, mantendo vínculo permanente com sua mãe Brasília, seus irmãos e sobrinhos. Com Gideon Pereira de Lyra, também desencarnado, a ligação mais afetiva e próxima, já que este passou a morar em Alto Parnaíba e aqui constituiu família, casando-se com a professora Carmélia Pacheco, com quem teve dois filhos, André Luís e Gideane.

O sorriso amplo de Célia, sua cultura sem pedantismo, seu trabalho social natural e desinteressado, sua visão pacífica de um mundo melhor fazem falta. A  convivência mais próxima minha com Célia foi quando ela morou conosco em nossa casa em São Luís. Agradável e afável, conselheira ao adolescente que eu era naquelos idos, Célia em terra já era um espírito elevadíssimo. A minha saudade e o meu respeito eternos.         

Um comentário:

  1. Célia sua Ternura e Bondade a Fazem Imortal.
    Junto Ao PAI Maior, Célia: Olhai por Nós.

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